Empreendedorismo não é essa coisa colorida onde tudo se encaixa perfeitamente. O nome disso é lego

O título “Empreendedorismo não é essa coisa colorida onde tudo se encaixa perfeitamente. O nome disso é lego”, lhe pareceu inusitado? Vamos falar sobre isto?

Estamos em junho. Este post deveria ser sobre o amor, afinal estamos no mês do dia dos namorados e falar sobre este tema é sempre bem-vindo.

Mas, este post é antes sobre desamor. Eu poderia falar dos elementos que compõe a palavra amor, como a entrega do conteúdo gratuito, a escuta, a partilha do conhecimento e suas implicações para o bem-estar de um negócio online.

Mas o que vou expor é demasiado malicioso para conseguir reunir numa palavra só. Por isso, meu amigo leitor, sinta-se avisado para poder escolher não ler.

Embora meu desejo é que você permaneça por aqui e leia as palavras dessa pessoa que vos escreve.

Estamos em junho de 2019 e o tema deste post embora já esteja revelado no título faço uma analogia a ele. Falarei, portanto, dos falsos gurus do empreendedorismo.

Há alguns dias eu estava navegando entre as redes sociais me deparei com umas dessas frases prontas.

Minha intenção era sair abruptamente dali, mas uma delas com uma imagem colorida e letras garrafais me chamou bastante atenção.

Nela, lia-se:

“Casamento não é essa coisa colorida onde tudo se encaixa perfeitamente. O nome disso é lego”.

Rapidamente, essa frase me remeteu a uma conversa que tinha tido naquela semana com um amigo.

Ele muito empolgado me disse que havia descoberto a mina, pois acabara de ter um encontro com grandes pessoas de sucesso.

Perguntei quem eram essas pessoas, e ele retrucou:

“São grandes empreendedores que trabalham com o marketing multinível. Precisa ver a fortuna da palestrante. Em apenas um ano acumulou: prédios, apartamentos, casas no exterior, carros, jóias…é tudo muito fácil, basta vender”

Fiquei parada a ouvi-lo. Quando me deparei já havia passado meia hora, estava atrasada, me despedi e fui embora.

Confesso que as horas que se sucederam foram as mais esquisitas que senti na minha vida, estava atordoada, embaralhada e confusa.

Mas, como isso é possível? Eu me indagava. A minha vida de empreendedora não se parecia nem um pouco com o da senhora da palestra relatada pelo meu amigo.

Com a cabeça rodeada de questões, li algumas histórias reais de pessoas que obtiveram sucesso ao empreender. Exponho essas histórias abaixo para você ler também. Logo adiante, você entenderá onde quero chegar.

As histórias aqui selecionadas não sofreram nenhum critério rígido de seleção. São apenas histórias que tocaram mais forte o meu coração (até rimou).

Brasileiro, ex-morador de rua, dormia em cima de um papelão…

empreender - Empreendedorismo não é essa coisa colorida onde tudo se encaixa perfeitamente. O nome disso é lego

juntamente com sua esposa grávida. O percurso de David Camelô para chegar ao estrelato não foi nada fácil. Ele catava latinha na praia para comprar um prato de comida e dividir com a esposa.

Um dia sua esposa estava sentindo muitas dores, sem dinheiro para comprar o medicamento, recorreu ao porteiro do prédio vizinho. Este o emprestou R$ 12.

Mas, em vez de comprar o remédio ele resolveu comprar algumas balas e revendê-las. Com esta atitude ousada, duplicou o capital. Comprou o remédio e depois continuou vendendo balas.

É conhecido por ter conseguido transformar 12 reais em 120 mil reais por mês. É considerado como um dos melhores palestrantes sobre empreendedorismo do país.

Boa, né? Vamos ler outra…

O rapaz das camisetas

Mudou-se para São Paulo com apenas 50 reais com a intenção de vender roupas personalizadas. Para não dormir na rua, Marcelo Ostia, alugou uma vaga no estacionamento. Dormia ali mesmo no chão.

Passou três meses alojado neste estacionamento, até receber um convite para morar na casa da mãe de um amigo.

Entretanto, sua namorada ficou grávida e Marcelo Ostia foi obrigado a conseguir um emprego numa fábrica, recebia um salário mínimo.

Lutou muito para conciliar os dois trabalhos: de empreendedor de camisetas, e de empregado de fábrica.

O empreendimento começou a andar quando teve a sacada de vender as camisetas por meio de um site.

O sucesso não foi repentino, mas aos poucos seus esforços começaram a surtir efeito, passando a dedicar-se inteiramente a sua pequena empresa.

Atualmente, este empreendedor fatura mais de 100 mil reais por mês. Tem uma loja própria. E hoje, possui 340 franquias por todo o Brasil.

O americano que antes do sucesso tentou o suicídio

empreendedorismo 2 - Empreendedorismo não é essa coisa colorida onde tudo se encaixa perfeitamente. O nome disso é lego

Coronel Harland Sanders deu início ao empreendedorismo aos 65 anos de idade, depois de aposentado. Até chegar ao topo passou por vários desafios.

Seu pai morreu quando tinha 5 anos. Abandonou a escola aos 15. Aos 17 já tinha passado por 4 empregos sem sucesso. Casou aos 18 anos. Poucos meses depois sua filha nasceu. Aos 20 anos aconteceu a separação matrimonial. 

Após se aposentar aos 65 anos com um salário miserável, de US$ 105, sentiu-se um fracassado e tentou o suicídio. 

Após o plano de ação concluído, levantou-se da cadeira, e partiu para angariar recursos financeiros: pediu um empréstimo com um amigo no valor de US$ 87.

Uma das coisas que ele mais gostava era de cozinhar. Então, com o dinheiro em mãos, começou a arregaçar as mangas. Comprou os ingredientes necessários, colocou sua receita em prática, e fez deliciosos frangos fritos.

Começou suas vendas oferecendo de porta em porta. Aos 88 anos Coronel Sanders, fundador da rede Kentucky Fried Chicken (KFC), tornou-se bilionário.

Ela teve todos os seus manuscritos recusados

empreender pra que 2 - Empreendedorismo não é essa coisa colorida onde tudo se encaixa perfeitamente. O nome disso é lego

J. K. Rowling (1965) desde cedo mostrou sua inclinação para o gosto literário. Aos seis anos, já afirmando que queria ser escritora escreveu sua primeira obra – “Rabbit”, a história de um coelho.

Porém seus pais esperavam que ela tivesse uma carreira mais estável.

J.K. Rowling formou-se em letras clássicas, e sete anos após a formatura, essa futura escritora passou por um período conturbado.

Com uma filha pequena para cuidar, divorciada e desempregada, passou a escrever seus rascunhos em cafés enquanto o bebê dormia a seu lado.

Daí, começaram a surgir os primeiros rascunhos do estrondoso sucesso literário da série Harry Potter.

Após completar o manuscrito, endereçou para 12 editoras. Pasmem, todos os manuscritos foram recusados.

Acha que ela se deu por vencida? Não. Sua saga continuou.

Finalmente, em 1996, a editora Bloomsbury fez uma oferta e publicou “Harry Potter e a Pedra Filosofal”.  

Todos os livros da série foram best-sellers e Rowling é, atualmente, uma das mulheres mais ricas do Reino Unido. Hoje, J.K. Rowling tem gratidão por sua história de fracasso.

Se não fosse o insucesso anterior, não teria o ânimo necessário para realizar o seu sonho de se tornar uma escritora.

Esta história faz parte da minha vida…

Seu Mariano é dono da quitanda que fica na minha rua, lá na esquina, em tempos de criança.

Minha mãe conta que seu Mariano começou vendendo cocadas. Ela sempre dizia: eram as melhores na cidade!

Seu Mariano e a esposa acordavam todos os dias às quatro da manhã para deixar tudo organizado. À medida que os filhos iam crescendo, seu Mariano os entregava uma tarefa.

E foi assim, durante anos, vendendo de porta em porta. O segredo? Guardava 10% do lucro.

Desde que nasci, eu já encontrei a quitanda de seu Mariano na esquina da minha rua. Lá eu comprava deliciosos bolos. Ele com muito orgulho dizia: Isso aqui, eu e minha família construímos fazendo cocadas!

Tempos depois, mudamos de rua, de cidade, de país. Mas, ano passado fui à cidade da minha infância, e aproveitei para fazê-lo uma visita. Seu Mariano e a esposa já não estão entre nós.

A quitanda não existe mais. Na mesma rua, no mesmo lugar e com o espaço bem maior, foi construído um supermercado pelo filho do seu Mariano, cujo nome é o mesmo do pai: Mariano.

Ele me relatou que após a morte dos pais passou por muitos momentos difíceis. Porém, com muita coragem e esforço conseguiu transformar a quitanda em supermercado.

Hoje, o supermercado emprega 19 funcionários.

Cheio de orgulho Mariano fala: o salário dos meus funcionários é superior ao da minha concorrência. Reconheço o esforço de cada um, e em troca temos uma produtividade excelente.

A grande diferença entre pessoas comuns e falsos gurus no empreendedorismo

Das histórias apresentadas, todas sem exceção, há presença de fracassos e sucessos vividos.

David Camelô, Marcelo Ostia, Coronel Harland Sanders, J.K. Rowling e seu Mariano são personagens reais.

Poderia acrescentar outras histórias, como o da Mayara Rodrigue do Método Fab Art 3.0 ou Anderson Silva jovens que fizeram sucesso com seus cursos de desenho.

Ao ler estas histórias criamos empatia com os personagens. Isso ocorre porque são narrativas verídicas de pessoas que pendem para o empreendedorismo.

Segundo o dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, Michaelis on-line, a palavra empreender é definida, como:

“Que se lança à realização de coisas difíceis ou fora do comum; ativo, arrojado, dinâmico”.

Muito diferente da narrativa contada pelo meu amigo do início do post.

Conversei com ele após aquele encontro inicial. Perguntei se a palestrante havia mencionado algum elemento de dificuldade. E a sua resposta foi, não.

Infelizmente este tipo de (não) profissional anda por todo lado, respingando também no marketing digital.

Pessoas que estão no mercado só para vender, sabe? (gosto muito de trabalhar com o marketing digital, mas aparece cada figura).

Há mais dois elementos essenciais para quem quer entrar neste mercado: estudo e prática.

Fico pasma quando leio ou vejo os argumentos dos falsos gurus evidenciando a facilidade que é empreender.

Se vangloriam que não fizeram curso superior, que trabalham na praia, que tudo é “colorido”, e blá, blá, blá

Com isto não estou querendo dizer que somente pessoas que tenham curso superior é que se sobressaem ou tenha chance nesse mercado. Não, de maneira nenhuma isso é verdade!

O que quero dizer é que as pessoas que estão do outro lado, e que necessitam de informação sobre o marketing digital, ficam a pensar que tudo é muito fácil, tipo oba oba, que não há necessidade de estudo e prática.

Como assim?…

  • Não há a necessidade de fazer um curso de marketing digital para você entrar como profissional no mercado?
  • Não é por meio deste curso que te possibilita adquirir as competências teóricas e práticas?
  • E este curso não é composto por módulos que te habilita a ser um especialista?
  • Já que te habilita a ser um especialista este curso não é uma especialização?
  • Ou você, pseudo guru, só será competente e ético após a cerimônia da colação de grau em que o seu pronunciamento será proferido: Juro com todas as minhas forças não mentir, não pensar só em vender, e acima de tudo levarei a minha profissão com honestidade…

(Não irei responder a estas perguntas, deixarei ao encargo do leitor).

Fazer tais afirmações é uma tremenda irresponsabilidade para futuros iniciantes que procuram esclarecimentos sobre o marketing digital, e não só…

É irresponsável, também, para profissionais que trabalham com honestidade e ética, que passa horas a fio em estudo, consumindo centenas de livros.

Tudo isso para se superar cada vez mais e apresentar um trabalho com excelência para a sua audiência.

Mesmo não sendo expert em ética, eu tenho pelo menos o dever de entender seus princípios orientadores.

Quanto a palestra relatada pelo meu amigo não houve nada além de ostentação, é claro. A minha intenção não é difamar o marketing multinível, mesmo porque não tenho conhecimento o suficiente para fazer qualquer juízo de valor.

Minha intenção, também, não é desencorajar pessoas. Muito pelo contrário, este blog é feito para encorajar pessoas para o empreendedorismo. Mas, cientes do terreno onde está pisando ou onde irá pisar.

Sem enrolações, sem tentar tapar o “sol com a peneira”, e sem repassar aos quatro cantos do mundo e futuros empreendedores que ao empreender tudo é fácil, sem esforço, sem estudo, sem leitura, sem prática.

Decidi fazer este post, após o encontro com o meu amigo, para tentar desmistificar o empreendedorismo e o modo como determinadas pessoas o propaga (espero que tenha conseguido).

E para aqueles que o vendem de um modo errôneo e não transparente, vai uma alerta: parem de o mistificar!

Pois, nem de longe o “empreendedorismo é essa coisa colorida onde tudo se encaixa perfeitamente. O nome disso é lego”.

Abraços,

 

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Sobre o Autor

Karla Haydê
Karla Haydê

Olá, muito prazer, sou Karla Haydê, cidadã do mundo (com um pé no Piauí e o outro no Maranhão) e empreendedora digital. Nos momentos de lazer faço Sudoku e assisto séries. Alguém pode me dizer se há outra melhor que Breaking Bad? Impossível, hehe. Ah, faço a melhor lasanha e bolo de chocolate do mundo :D

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